domingo, 11 de novembro de 2007

Luiz Melodia - Mico de Circo - 1978


Luiz Carlos dos Santos, Luiz Melodia, nasceu no morro do Estácio, Rio de Janeiro, no dia 7 de Janeiro de 1951. Único filho homem de Oswaldo e Eurídice, descobriu a música ao ver o pai tocando em casa: "fui pegando a viola dele, tirando uns acordes, observando. Ele não deixava pegar a viola de quatro cordas, que era uma relíquia, muito bonita, onde aprendi a tocar umas coisas".
Apesar da precoce afinidade com a música, Luiz acabou contrariando seu pai, que sonhava vê-lo um "Doutor" formado: "ele não apoiava, não dava muita força. Mas não adiantou coisíssima alguma, até porque as coisas foram acontecendo. E depois ele veio a curtir pra caramba. Quando ele faleceu, perdi um grande fã", revela.
Depois de abandonar o ginásio, Melodia passou a adolescência compondo e tocando sucessos da Jovem Guarda e Bossa Nova, com o grupo "Instantâneos", formado com amigos. Esta experiência, juntamente com a atmosfera em que vivia - do tradicional samba dos morros cariocas -, resultaram em uma mescla de influências que renderam a Luiz Melodia um estilo único.
Logo, acabou por chamar a atenção de um assíduo frequentador do Morro do Estácio, o poeta Wally Salomão, e de Torquato Neto. E através de Wally, Gal Costa acabou conhecendo um de seus compositores prediletos, resultando na gravação de "Pérola Negra", no disco "Gal a Todo Vapor", de 1972. Pouco depois era a vez de "Estácio Holly Estácio", ganhar sua interpretação na voz de Maria Bethânia.
Foi nesta época que o artista assumiu então o nome Luiz Melodia - apropriando o sobrenome artístico de seu pai Oswaldo -, e lançou no ano seguinte (1973) seu primeiro e antológico disco "Pérola Negra". Sua postura porém, mantinha a mesma irreverência e inquietude da do garoto que tocava iê-iê-iê nos berços do samba carioca, o que lhe rendeu um estilo e identidade musical inconfundíveis, assim como críticas que o consideravam um artista "maldito", ao lado de nomes como Fagner e João Bosco, por exemplo. "Não éramos pessoas que obedeciam. Burlávamos, pode-se dizer assim, todas as ordens da casa, da gravadora; rompíamos com situações que não nos convinham. Sempre acreditei naquilo que fiz e faço", afirma Luiz.
Sua carreira acabou por consolidar-se no disco seguinte, "Maravilhas Contemporâneas" (1976), popularizado pela canção "Mico de Circo" (1978), que seria gravado no seu retorno ao Rio.
Já conhecido do público e tendo alcançado seu espaço no cenário da MPB, Luiz Melodia lança "Nós" em 1980, incluindo "Codinome Beija-flor".
O disco seguinte, "Relíquias" (1995), faz uma releitura com novos arranjos para sucessos como "Ébano" e "Sub-anormal" - e no registro intimista e intenso de "Acústico - Ao Vivo" (1999), em que Melodia passeia novamente por sua obra, agora através da espontaneidade de um disco gravado ao vivo durante sua turnê nacional, considerada sucesso de público e crítica.
Luiz Melodia atualmente está trabalhando nas composições de seu novo trabalho, e colabora com o documentário sobre sua vida, com direção de Karla Sabah, do qual foram extraídos os vídeo depoimentos disponíveis em seu site oficial.
Mico de circo (Som Livre, 1978), gravado no Rio de Janeiro. Acompanhado pela Orquestra Tabajara, Melodia abre o LP com "A voz do morro", de Zé Keti, e homenageia a "bandidagem", incluindo na lista Nelson Galinha, Beto sem Destino, Caveirinha, Pororoca e outros marginais do morro, além de Roberto Carlos e Gal Costa. Com arranjos e regências de Perinho Santana, João Donato, Oberdan, Armandinho, Severino Araújo e Marcio Montarroyos, o LP não alcançou o mesmo sucesso dos dois primeiros.Mas é considerado se nao o melhor mas entao um dos melhores de sua carreira.

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