Em 1977, depois de fazer parte da dupla roqueira Tony & Frankye, Tony Bizarro resolveu apostar na onda de black music que invadia o país e gravou o álbum Nesse Inverno, resgatado agora pela série Columbia Raridades, que o titã Charles Gavin produziu para a Sony. Ouvi-lo em 2001 provoca um efeito colateral: saudades do insuperável vozeirão de Tim Maia. Até que Bizarro não faz feio no papel de soulman. Com voz levemente rouca e a necessária atitude black, canta funks dançantes, como Não Pode (de Yara e Tulla), ou baladas românticas tingidas de soul, caso da faixa-título (parceria de Bizarro com Carlos Lemos).
Os arranjos de Lincoln Olivetti e Waltel Branco (que aparece erroneamente como Valter Branco, na precária ficha técnica da nova edição) esbanjam cordas, no melhor estilo disco, em faixas como Não Vejo a Hora (outra de Yara e Tulla) e Como Está Não Faz Sentido (do próprio Bizarro). Já a introdução de Que Se Faz da Vida (Yara e Tulla de novo) foi obviamente inspirada na trilha sonora que o norte-americano Isaac Hayes compôs para o filme Shaft. Difícil é engolir a versão funk de Adeus Amigo Vagabundo (de Frankye Adriano e Bizarro), um tributo piegas ao rolling stone Brian Jones, morto prematuramente em 1969, que soa fora de lugar ("tudo isso é passado, mas não podemos esquecer / que essa é a escola da vida e pagamos pra aprender / foi muito bom pra mim, mas bem melhor foi pra você"). Na verdade, é nas letras que o repertório de Bizarro mais falha.
Quem se der ao trabalho de usar uma lupa para ler a ficha técnica da contracapa original do LP (reduzida para caber no formato do CD), vai encontrar um elenco de músicos de primeira linha, como Lincoln Olivetti (piano elétrico, sintetizador e mini-moog), Robson Jorge (guitarra, órgão e clavinet), Mamão (bateria e harmonizer) e Zé Bodega (sax tenor), além da participação especial de Paulo Moura (sax soprano). O tempo acabou provando: como soulman, Tony Bizarro estava longe de ser um Tim Maia, mas o que vale é a intenção, se o Brasil tivesse mais artistas dedicados como Tony certamente, a musica estaria mais viva e presente, comparações sempre existem mas convenhamos que artista é artista e só isso.
Tem garantido seu lugar na galeria dos maiores cantores soul de nosso pais, e esse disco tem arranjos que até hoje se mantem atuais e servindo como grande influencia para musicos contemporâneos.
Texto retirado do site: Clique Music
Download: Tony Bizarro - Nesse Inverno - 1977
2 comentários:
Primeiramente muito axé para o grande pesquisador que aqui conheci, me "deleitei" com tanta sonoridade ainda por mim desconhecida, lógico, todos nomes conhecidos, mas muitos dos Discos que baixei aqui jamais tive acesso, meus parabéns e continue postando essas jóias da nossa Música . . Fiquei orgulhoso e ao mesmo tempo decepcionado, Pois muitos desses downloads eu iria presentear um grande amigo, o mesmo que aqui pediu esse rarissímo disco..Meu parceiro-irmão e companheiro de banda BAZAKA . . .Ele tem esse disco, em vinil, a capa (coitadinha) comida pela humidade e pelo tempo, a ficha técnica não tinha como ler, enfim...graças ao advento da internet, HOJE estou aqui reecontrando esse disco e meu amigo Bazaka nesse lugar que apartir de ONTEM, se tornou um dos meus endereços prediletos aqui na REDE...Muito asé meu grande, e um SARAVÁ pra ti . . . . Asé GBO GBO wá!!
OLá, quem escreve esta página tem que pesquisar mais, saber o que esta falando, quem esta escrevendo, é o proprio Tony Bizarro, o tal cantor que esta pessoa diz que "afinal artista é só artista" que diz que "Tony & Frankye era uma dupla rockeira...rs,(nada contra o rock que afinal veio do mesmo lugar, ou seja, da musica negra) sera que ele não se deu ao trabalho de pesquisar, ou talves porque ele soube que a produção do LP de Tony & Frankye foi de Raul Seixas deve ter imaginado ser um disco de Rock.
Na verdade, já era soul music, e até o Tim Maia tocou violão em uma das faixas que era composição dele, então senhor critico, espero que coloque as coisas no lugar,que pesquise antes de escrever o que não sabe, por que seu "ATÉ GRAVEI COM O TIM, foi como convidado da produção, nunca precisei pedir para cantar, pois eramos amigos e cantavamos juntos todos os dias, antes da sua passagem.
eu escrevo e assino
Tony Bizarro
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