terça-feira, 27 de novembro de 2007

Moacir Santos - Coisas - 1965



Ouve um grande Bafafá sobre os cem melhores discos do Brasil, e como nós do musica da minha gente fazendo pesquisas sobre tal assunto resolvi agraciar vocês com estes discos tambem, mas com uma diferença, todos os links estao funcionando, e outra coisa, postarei somente os discos que realmente fizeram diferença pra musica brasileira, entao,
deleitem-se!


23° Lugar - Moacir Santos - Coisas -1965

Nascido na pequena Vila Bela, em Pernambuco, migrou para o Rio de Janeiro no final da década de 40, onde começou a tocar em bailes. Logo passou a integrar a orquestra da Rádio Nacional, na qual permaneceu por 18 anos, no início como saxofonista, depois como maestro e arranjador. Foi professor de ninguém menos que Paulo Moura, Baden Powell, Nara Leão e Eumir Deodato, entre outros.
Vivendo desde o final dos anos 60 nos Estados Unidos, ficou um tanto esquecido por aqui. Com o modismo da lounge music algumas de suas Coisas pipocaram, desmerecidamente de maneira redutora, em coletâneas para fundo de conversa. Pelo menos um dos dez temas do disco, o de n.º 5, popularizado como Nanã, está no inconsciente coletivo. Depois de ganhar letra de Mário Telles, virou clássico da bossa nova. A de n.º 2 é outra das mais difundidas.
Só agora, no entanto, com o lançamento da obra integral é que as atenções se voltam para sua importância histórica. Isto porque simboliza um manifesto abrangente sobre a grande influência da música negra na mais funda brasilidade, numa época em que qualquer atitude política simbolizava um ato e tanto de coragem. E a afirmação da negritude ainda pairava no plano da utopia. No entanto, como lembra Roberto Quartin no texto de apresentação do disco, Moacir "deu um grito de desespero afinado", sem panfletagem, "dando sentido social à música, sem que para isso se precise mediocrizá-la".

Texto Original da capa do disco, por favor leiam!!!

"Ao reunir suas composições, Moacir Santos criou, mais do que um disco, um documento histórico autêntico dentro do mapa da música popular brasileira. Autêntico,pois trata-se de um músico negro escrevendo música negra e não de um garoto de Ipanema contando as tristezas da favela ou de um carioca que nunca foi alémde Petrópolis a enriquecer o cancioneiro nordestino. Histórico, em primeiro lugar, por conter uma síntese completa e expressiva do formidável papel queo negro desempenhou em toda a formação de nossa música popular. Este disco é negro desde a capa até o vinilite, do músico ao som que se ouve. Também histórico,porque Moacir mostra, como um Edu Lobo ou uns poucos mais, que se pode dar um sentido social à música, sem que para isso precise mediocrizá-la.
Pode se dar um grito de desespero sem que ele seja de mal gosto e sem que para isso precisamos regredir musicalmente, para mostrar tudo isso, moacir esperou muitos anos e so o fato de ter conseguido dizer o que queria no momento em que o panorama musical brasileiro anda conturbado, onde as maiores aberrações sao aceitas e aplaudidas, o coloca definitivamente num pedestal de importancia historica de dimenções incalculaveis Moacir confere dignidade a tudo quanto escreve. É um musico que vai a raizes.
O sentido de brasilidade de uma musica é impressionante. vai as raizes, mas o faz objetivamente, dinamicamente. ele busca e ele pesquisa.
O que este seu dsico acrescenta a musica brasileira nao somente no plano harmonico, mas como no plano ritmico, vem demonstrar sobejamente esta objetividade, alem de abrir novos caminhos.
infelizmente, ultimamente o ambiente musical brasileiro, se subdividil mais do que nunca. de um lado os musicos chamados de extrema direita, ou seja, que passam a vida fazendo "amor rimar com flor" e fingindo que desprezam a outra corrente musical. de outro lado a "outra corrente musical", que gasta o tempo falando em "autenticidade", "musica do povo" e mal dos que vao pro estrangeiro divulgar a nossa musica (até que eles proprios viajam levandona bagagem um catalogo de desculpas).
O que a maioria esquece é fazer o que é bonito,o que é bom, o que é musicalmente valido e de que, antes de tudo, eles sao musicos.
Nao sei até hoje se Moacir Santos é de extrema direita ou de extrema esquerda,mas sei que ele é de extrema musicalidade,de extrema honestidade consigo mesmo. insisto em repetir: Moacir Santos é antes de tudo, um musico.esse seu disco pode ser um grito de desespero contra tudo isso que está errado, contra tudo que impediu que fosse ele reconhecido mais cedo, posso,porem, assegurar: Moacir deu um grito de desespero afinado."

Roberto Quartin

Download: Moacir Santos - Coisas - 1965

Um comentário:

Mony Rocha disse...

O link não está funcionando.... uma pena!