Um disco progressivo considerado o melhor da decada de 80 (sendo que a Banda ja existia em 74!!!
O dia está começando. Mais um dia que enterra o passado de muitos, e destes muitos, alguns se tornaram eternos na lembrança e história dos que estavam abaixo do palco, apenas assistindo à grande peça da vida. O script nos mostrou grandes personagens, em muitos momentos de êxtase, mas deixou alguns sob a sombra da cortina se fechando, o que foi injusto, pois para estes o espetáculo continua... Ou continuaria...
Assim talvez tenha sido a história de Bacamarte, banda formada por colegas de colégio, em 1974, que despontava para o mundo que aprendia a ouvir sobre si mesmo nas grandes bandas progressivas da época. Como outra banda da era do vinil, não foi fácil gravar um LP, que apenas aconteceu em 1983, depois da criação da Rádio Fluminense e sua vontade de abrir espaço para bandas iniciantes. O álbum vendeu milhares de cópias pelo Brasil e países da Europa e principalmente no Japão. Mas isto não impediu que a banda acabasse no ano seguinte, enterrando uma das maiores químicas musicais já criadas no nosso país.
Bacamarte fazia um prog sinfônico com óbvia influência européia. Chegou a aparecer em programas de TV e entrou em estúdio em 1977 para gravar este disco. Jane Duboc, que estudara canto lírico nos EUA, construía um sólido nome cantando em grupos de MPB e se preparava para vôos solo, foi convidada para cantar em quatro músicas, fazendo um trabalho muitas vezes comparado ao de Annie Haslam e Sonja Kristina (Jane, aliás, é bem mais afinada que esta).
Entretanto, o disco acabou não virando realidade naquele momento. Em 1983, quando a Fluminense FM virou uma espécie de catalizadora das diversas correntes do rock carioca, Mário Neto, guitarrista e dono do Bacamarte, mandou algumas das canções para a rádio, que as tocou com enorme sucesso. Em pouco tempo o disco estava nas lojas (que vendiam rock progressivo, claro), virando objeto de culto – renovado por uma hoje raríssima edição em CD de 1996. De lá para cá, tornou-se um item de colecionador entre os amantes do prog no exterior. Para muitos, é o melhor disco de progressivo dos anos 80, o que é uma certa empulhação, já que ele é mesmo da década anterior. Mas isso não atrapalha seu brilho.
Injustiça, em um país que tem uma pseudo-cultura batendo à nossa cara a todo instante, é de encantar poder ouvir belas letras e melodias que se perderam durante muito tempo. Salve a internet e a vontade de conhecer...
Download: Bacamarte – Depois do Fim (1983)
Nenhum comentário:
Postar um comentário